Morro dos Dois Irmãos - Cacimba do Padre - (Foto: Acervo do Programa de Resgate Documental Sobre Fernando de Noronha) |
Mar
em tons de azul turquesa e verde esmeralda, corais, vida marinha
riquíssima, mata, formações rochosas... O arquipélago de Fernando
de Noronha é considerado um paraíso natural a apenas 545 km do
Recife, capital pernambucana. Toda essa beleza esconde a realidade
da população local. Eu trabalho neste lugar lindo há três anos e por
achar muitas questões peculiares, diferentes da vida no continente,
pensei nesse post. Em um ambiente insular, tudo depende da logística
do que vem do continente: alimentação, remédios, produtos em
geral. E até mesmo atendimento médico. Você já se perguntou como
é a saúde em uma ilha de apenas 17km²?
O
arquipélago possui o Hospital São Lucas (HSL) e o Posto de Saúde
da Família (PSF), ligados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Ambos
atendem à população e aos visitantes em horário integral. Por
ser uma ilha, distante centenas de quilômetros do continente,
qualquer problema de saúde deve ser resolvido com o maior cuidado,
evitando complicações. Lá, por questões de legislação, não
existem centro cirúrgico nem banco de sangue. Então, para casos
mais sérios, o paciente é levado por salvo aéreo ao continente.
“Também existem programas fixos do Ministério da Saúde que são
empregados lá, direcionados a todos os sexos e idades. Um deles é o
cuidado com as gestantes, que a partir deste mês, passou por
implantação da Rede Cegonha, onde a mulher, o recém-nascido e as
crianças recebem todo o apoio necessário” explica a gerente de
humanização em saúde Darlene Moraes. Essa rede é fundamentada no
princípio de humanização e assistência em saúde do Ministério
da Saúde. Ela garante às mulheres o direito ao planejamento
reprodutivo, à atenção humanizada à gravidez, parto e pós-parto.
E para as crianças, o direito ao nascimento seguro, crescimento e
desenvolvimento saudáveis.
Hyandra
Beserra tem 34 anos e está grávida do seu segundo filho. Com 18
semanas, ela já começa a se preparar para mudar a rotina. É que ao
completar 36 semanas, a gestante sai da ilha para esperar o parto.
“Fui muito bem atendida pela equipe do PSF. A única coisa que é
ruim, é não ter ultrassonografia e eu precisar vir ao continente. É
cansativo. Mas todos são muito atenciosos e fazem o possível para
nos apoiar”. Com apenas 5 meses, Hyandra está com diabetes
gestacional, o que torna sua gravidez de risco. Por isso ela está no
Recife para cuidar melhor do seu bebê até a hora do parto.
A
Administração da ilha oferece hospedagem para as gestantes que não
possuem família aqui. E elas têm direito também a trazer um
acompanhante. Mas não foi sempre assim. Pâmela Melo, de 23 anos,
está grávida do segundo filho e diz que o atendimento realizado
agora é bem melhor do que há três anos. “Na primeira gravidez,
eu não tinha onde ficar. Fiquei hospedada na casa de gente que não
conhecia. Agora ficamos em um hotel, com tudo custeado pelo Governo.
Não temos que nos preocupar com nada além da gravidez”
Sabendo
que a saúde da população nunca poderá ser deixada de lado e tendo
dificuldades de implantação de maternidade e cirurgiões em tempo
integral na ilha, essa solução parece ser uma das mais acertadas.
Mesmo sendo algo que sai da rotina dessas mulheres, essa é a certeza
de que seus bebês nascerão saudáveis e sem riscos à saúde. E a
outra certeza é a de que voltarão, logo em seguida, para crescer e
se desenvolver em um lugar maravilhoso que é Fernando de Noronha.
Por
Ana Luiza Melo
Para mais informações sobre a ilha, acesse o site oficial.