quinta-feira, 31 de maio de 2012

A saúde no arquipélago de Fernando de Noronha


Morro dos Dois Irmãos - Cacimba do Padre - (Foto: Acervo do Programa de Resgate Documental Sobre Fernando de Noronha)
 
Mar em tons de azul turquesa e verde esmeralda, corais, vida marinha riquíssima, mata, formações rochosas... O arquipélago de Fernando de Noronha é considerado um paraíso natural a apenas 545 km do Recife, capital pernambucana. Toda essa beleza esconde a realidade da população local.  Eu trabalho neste lugar lindo há três anos e por achar muitas questões peculiares, diferentes da vida no continente, pensei nesse post. Em um ambiente insular, tudo depende da logística do que vem do continente: alimentação, remédios, produtos em geral. E até mesmo atendimento médico. Você já se perguntou como é a saúde em uma ilha de apenas 17km²?

O arquipélago possui o Hospital São Lucas (HSL) e o Posto de Saúde da Família (PSF), ligados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Ambos atendem à população e aos visitantes em horário integral. Por ser uma ilha, distante centenas de quilômetros do continente, qualquer problema de saúde deve ser resolvido com o maior cuidado, evitando complicações. Lá, por questões de legislação, não existem centro cirúrgico nem banco de sangue. Então, para casos mais sérios, o paciente é levado por salvo aéreo ao continente. “Também existem programas fixos do Ministério da Saúde que são empregados lá, direcionados a todos os sexos e idades. Um deles é o cuidado com as gestantes, que a partir deste mês, passou por implantação da Rede Cegonha, onde a mulher, o recém-nascido e as crianças recebem todo o apoio necessário” explica a gerente de humanização em saúde Darlene Moraes. Essa rede é fundamentada no princípio de humanização e assistência em saúde do Ministério da Saúde. Ela garante às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo, à atenção humanizada à gravidez, parto e pós-parto. E para as crianças, o direito ao nascimento seguro, crescimento e desenvolvimento saudáveis.

Hyandra Beserra tem 34 anos e está grávida do seu segundo filho. Com 18 semanas, ela já começa a se preparar para mudar a rotina. É que ao completar 36 semanas, a gestante sai da ilha para esperar o parto. “Fui muito bem atendida pela equipe do PSF. A única coisa que é ruim, é não ter ultrassonografia e eu precisar vir ao continente. É cansativo. Mas todos são muito atenciosos e fazem o possível para nos apoiar”. Com apenas 5 meses, Hyandra está com diabetes gestacional, o que torna sua gravidez de risco. Por isso ela está no Recife para cuidar melhor do seu bebê até a hora do parto.

A Administração da ilha oferece hospedagem para as gestantes que não possuem família aqui. E elas têm direito também a trazer um acompanhante. Mas não foi sempre assim. Pâmela Melo, de 23 anos, está grávida do segundo filho e diz que o atendimento realizado agora é bem melhor do que há três anos. “Na primeira gravidez, eu não tinha onde ficar. Fiquei hospedada na casa de gente que não conhecia. Agora ficamos em um hotel, com tudo custeado pelo Governo. Não temos que nos preocupar com nada além da gravidez”

Sabendo que a saúde da população nunca poderá ser deixada de lado e tendo dificuldades de implantação de maternidade e cirurgiões em tempo integral na ilha, essa solução parece ser uma das mais acertadas. Mesmo sendo algo que sai da rotina dessas mulheres, essa é a certeza de que seus bebês nascerão saudáveis e sem riscos à saúde. E a outra certeza é a de que voltarão, logo em seguida, para crescer e se desenvolver em um lugar maravilhoso que é Fernando de Noronha. 

Por
Ana Luiza Melo 

Para mais informações sobre a ilha, acesse o site oficial.

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